Panorama Econômico
O ano de 2022 foi bastante desafiador para os investidores. Esses desafios não foram sentidos apenas no Brasil. Com os impactos subsequentes da pandemia de covid-19 e da guerra ucraniana, toda a economia global sentiu as consequências dos acontecimentos ao longo do ano.
No geral, todos esses desafios contribuíram para um cenário de desaceleração da economia global. Até países mais desenvolvidos foram afetados, EUA e países da União Europeia sofreram fortemente com a pressão dos preços de commodities e consequentemente pela pressão inflacionária.
Contudo, nada assustou mais os mercados financeiros globais do que os índices de inflação ao longo do globo. Nos Estados Unidos, por exemplo, a inflação atingiu o patamar recorde em 40 anos, quando chegou a 9,1% acumulados em 12 meses, em junho. A Europa e o Brasil, além de outros mercados, sofreram com efeitos semelhantes.
Quando ocorre um aumento no nível de inflação, é comum que as entidades monetárias dos países tomem medidas para conter o avanço dos preços. No caso do Brasil, a principal estratégia adotada pelo Banco Central (Bacen) é o aumento da taxa Selic. Nos demais países esse movimento foi semelhante.
O patamar da Selic alcançado em 2022 foi o maior desde novembro de 2016. Com isso, o CDI acumulado no ano passado foi de 12.39%. Nos EUA, após cinco aumentos consecutivos na taxa de juros americana, a taxa básica de juros desse país encerrou em 4,5% a.a.
Esse cenário de juros mais altos reduziu o apetite de risco dos investidores para os ativos de risco e as bolsas do mundo todo apresentaram performance bastante ruim. O Ibovespa (bolsa brasileira) acabou sendo o destaque positivo no ano, contudo bem abaixo da taxa básica de juros, conforme pode ser observado no quadro abaixo:
Apesar da melhor performance da bolsa brasileira frente as demais, esse desempenho foi bastante errático ao longo do ano. O índice Ibovespa iniciou 2022 dando sequência ao movimento de alta observado em dezembro de 2021. Na contramão das bolsas globais, em janeiro o Ibovespa subiu 6,98% contra uma queda de -5,26% do S&P, dando início a um movimento de descolamento que se intensificou ao longo do ano. Abaixo, um gráfico que demonstra a performance do Ibovespa no período:
Mas, não foram apenas os ativos de bolsa que performaram mal. No Brasil, diversas classes de ativos apresentaram performance abaixo do CDI.
Assim, o perfil Conservador foi o grande destaque no ano de 2022, com rentabilidade bruta de 13,66% (bruto), superando todos os principais indicadores de mercado. Contudo, todos os demais perfis apresentaram performance bastante positiva quando comparados aos indicadores (benchmarks) de mercado, conforme pode ser observado na tabela abaixo:
Na performance relativa em relação aos demais fundos de previdência abertos e fechados, também apresentamos desempenho bastante superior à média da indústria.
Destaque para o perfil Arrojado que rendeu 10,52% (Sebrae Previdência) e na média da indústria com 4,81%, no acumulado 12 meses. No consolidado da carteira o rendimento foi de 11,46% (Sebrae Previdência) e na média da indústria com 7,86%, no acumulado 12 meses.
No consolidado da carteira o rendimento foi de 11,46% (Sebrae Previdência) e na média da indústria com 7,73%. Destaque para o perfil Conservador que rendeu 13,70% (Sebrae Previdência) e na média da indústria com 10,33%, no acumulado 12 meses.
Perspectivas para 2023
Os mercados já estão começando a precificar uma mudança nas taxas de juros. Em meio a um cenário de inflação persistente, os bancos centrais devem continuar pressionando a política monetária nos próximos meses. No entanto, estamos começando a ver sinais, principalmente do Federal Reserve, de que uma mudança para um ritmo mais lento pode acontecer. Com os recentes dados de inflação nos EUA começando a esfriar, acompanhados por uma desaceleração nos dados do mercado imobiliário americano, o Fed pode mudar para altas mais moderadas à medida que entramos em 2023 – o que pode ser bem recebido pelos mercados.
O Brasil pode antecipar esse movimento de queda de taxa de juros, uma vez que que o BCB já fez uma pausa no ciclo de aumento de juros, enquanto os principais bancos centrais no exterior ainda estão em caminhando no ciclo de alta dos juros. Contudo, o início do afrouxamento monetário no Brasil dependerá crucialmente da política fiscal e, portanto, da condução da política econômica do novo governo. Ainda existem dúvidas sobre como o novo governo irá administrar demandas sociais crescentes e equilíbrio fiscal com um orçamento que indica pouquíssimo espaço de manobra.
Os riscos de uma desaceleração de crescimento nas principais economias continuam altos. A probabilidade de uma desaceleração nas principais economias do mundo continua a crescer. A probabilidade de uma recessão não é vista como nosso principal cenário. Se uma recessão se materializar, isso pode ser extremamente negativo para o Brasil e outros mercados emergentes, enquanto os mercados desenvolvidos devem ter desempenho superior e o dólar americano deve continuar se fortalecendo à medida que os investidores globais procuram segurança. Por outro lado, se uma recessão não acontecer e a inflação global continuar elevada, esse pode ser um cenário positivo para commodities e outros ativos reais.
Assim, caso o mercado comece a precificar quedas nas taxas de juros de médio e longo prazo será o momento de elevar a alocação de risco nas carteiras. Assim, esperamos que seja possível ao longo do ano aumentar a alocação em classes de ativos de maior risco, sendo que devemos diversificar esse incremento das posições de risco não só no Brasil, mas também no exterior. Essa perspectiva pode e deve influenciar os ativos de risco ao redor do globo e não apenas no Brasil.
Na nossa opinião, o Brasil mantém atratividade relativa superior aos mercados globais em grande parte por conta dos níveis de valuation ainda bastante atrativos.
Atualmente, o Preço/Lucro (P/L) projetado do Ibovespa se encontra abaixo da média global e bem abaixo da média dos últimos 15 anos no Brasil.
Em relação a Renda Fixa, as ações brasileiras também continuam mais atrativas. O Prêmio de Risco, que compara rendimento de renda variável com as taxas de juros reais, mostra que as ações brasileiras estão baratas mesmo considerando o alto nível das taxas de juros.
É importante, destacar que esse processo de busca por aumento da exposição a risco dependerá do desenrolar da implementação de uma política econômica que sinalize equilíbrio fiscal, bem como propicie o aumento da participação do investimento privado na economia brasileira. Iremos acompanhar os projetos encaminhados ao congresso que indiquem essa direção.
Investimentos
PERFIS DE INVESTIMENTOS
Os recursos do Plano SEBRAEPREV são investidos em três modalidades de Perfis de Investimentos de livre escolha dos Participantes conforme seus objetivos de vida, expectativas de resultados em curto, médio ou longo prazo. Com eles, o SEBRAE PREVIDÊNCIA oferece mais flexibilidade e autonomia para que os Participantes construam as suas reservas para a aposentadoria de forma compatível com as suas particularidades e tolerância ao risco.
O Plano Valor Previdência ainda não oferece a possibilidade de escolha de perfil de investimento por estar em uma fase inicial de capitalização. Seus recursos são alocados conforme a Política de Investimentos definida para o Perfil Moderado do Plano SEBRAEPREV.
Rentabilidades por Perfil e Segmento de Aplicação
A rentabilidade da carteira de empréstimo foi de 15,37%.
Rentabilidades por Fundo de Investimento (com posição em 31/12/2022)
POLÍTICA DE INVESTIMENTOS 2023-2027
A Política de Investimentos é o documento que estabelece as diretrizes para a aplicação dos recursos dos Planos SEBRAEPREV e Valor Previdência. É proposta pela Diretoria Executiva e aprovada pelo Conselho Deliberativo do Instituto, com o apoio da Comissão de Investimentos.
Ela é definida visando garantir segurança, liquidez e rentabilidade para preservar os benefícios dos seus Participantes e Assistidos e é revisada anualmente (ou quando necessário), sempre considerando as características e especificidades dos planos de benefícios, a legislação pertinente e os cenários econômicos. Nela são estabelecidos itens como a alocação estratégica, restrições de investimentos, operações com derivativos e apreçamento de ativos. Merece destaque também a avaliação e controle de monitoramento dos diversos riscos aos quais os recursos dos planos de benefícios estão expostos, dentre eles os riscos de mercado, de crédito, de liquidez, legal, operacional, atuarial e de procedimentos.
Com base nas características dos 3 Perfis de Investimentos do Plano SEBRAEPREV, o Instituto atualiza a cada ano os correspondentes estudos de macroalocação, com base na metodologia de Fronteira Eficiente, visando à proposição de distintas carteiras de investimentos otimizadas, na relação risco x retorno esperados, haja vista os anseios e expectativas dos participantes. Através da identificação de um determinado nível de equilíbrio entre o retorno dos investimentos e o grau de risco admitido por cada perfil, obteve-se uma gama de alternativas de alocação, resultando em:
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Maximização da rentabilidade dos investimentos, visando ao menos igualar a taxa de referência do plano para o perfil, a dado nível de risco;
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Gerenciar a liquidez necessária para pagamento das obrigações atuais e futuras do plano;
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Diversificação dos ativos; e
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Consistente planejamento para aplicação dos recursos garantidores.
Com isso, para a Política de Investimentos de 2023, os benchmarks estabelecidos para cada perfil de investimento foram os seguintes:
(i) Perfil Conservador = 110% do CDI;
(ii) Perfil SEBRAEPREV (Moderado) = 117% do CDI; e
(iii) Perfil Arrojado = 122% do CDI.
Entende-se como benchmark para determinado segmento de aplicação o índice que melhor reflete a rentabilidade esperada para o curto prazo. Isto é, para horizontes mensais ou anuais, conforme as características do investimento. Esse índice está sujeito às variações momentâneas do mercado. Por outro lado, a meta reflete a expectativa de rentabilidade de longo prazo dos investimentos realizados em cada um dos segmentos listados a seguir — rentabilidade esta que pode apresentar menor volatilidade e maior aderência aos objetivos do plano.
As tabelas a seguir demonstram a alocação para a classe de ativos e os limites estabelecidos na atual política:
A alocação dos recursos permanentemente respeita os limites fixados na política de investimentos, definida anualmente. Para a composição do portfólio, busca-se a gradual convergência aos alvos definidos para cada segmento e mandato, exceto na superveniência de abrutas alterações conjunturais que possam implicar riscos adicionais decorrentes de cenários adversos.
A definição dos parâmetros inferiores e superiores para cada limite de alocação visa dar flexibilidade para a realização de Investimentos Táticos, que nada mais são que posicionamentos de curto prazo com o propósito de proteger a carteira ou de aproveitar oportunidades de mercado.
A flexibilização para realização de Investimentos Táticos, respeitados os parâmetros inferiores e superiores de cada perfil, é oferecida ao gestor do Fundo Exclusivo — que é um tipo de fundo de investimento constituído para investidores profissionais — selecionado pelo SEBRAE PREVIDÊNCIA. Dentre as vantagens da contratação de um fundo exclusivo estão:
a) gestão profissional dos investimentos: feita por um gestor capacitado e uma equipe altamente competente;
b) diversificação: de ativos, gestores e riscos, sem a necessidade de ter uma conta em cada instituição;
c) carteira totalmente personalizada: de acordo com as características e objetivos do participante do SEBRAE PREVIDÊNCIA.
A esquematização a seguir auxilia no entendimento de estrutura de investimentos desenvolvida pelo Instituto.
Alocação dos Recursos Garantidores em 2022
Gestão Terceirizada
Administração
As despesas administrativas correspondem aos gastos para manutenção da gestão dos Planos SEBRAEPREV e Valor Previdência, sendo segregadas em despesas de Administração Previdencial e de Administração de Investimentos. Em 2022, o total das despesas administrativas foi de R$ 10.137.017,23.
Custo por Participante
O Custo por Participante ou Despesa Per Capita representa um indicador para os gastos administrativos por Participante, que permite a realização de comparações sobre a estrutura de custos da Entidade e serve de referência para avaliar a competitividade da instituição. Em 2022, esse custo ficou em R$ 996,95, apresentando crescimento inferior a inflação do período. Ou seja, o instituto tem conseguido se expandir com eficiência, reduzindo seu custo real médio por participante.